Mais uma peça de inestimável valor chegou às nossas mãos e de novo por intermédio do Luís Guimarães e do cuidado seu avô Armando Jesus Gomes na preservação de um documento que marca uma época do ténis de mesa nacional.
Referimo-nos à brochura evocativa da festa de homenagem a Fernando Oliveira Ramos, o primeiro grande campeão do ténis de mesa nacional que teve lugar no dia 3 de maio de 1961, com início às 21,00 horas, no então Pavilhão dos Desportos de Lisboa, hoje denominado Pavilhão Carlos Lopes em pleno Parque Eduardo VII.
Oliveira Ramos, ao longo de uma carreira de 26 anos conquistou 21 campeonatos de Lisboa de equipas, 6 de pares, 4 de pares mistos e 11 de singulares; enquanto que no plano nacional celebrou por 10 vezes o título coletivo, por 4 o de pares, por 5 o de pares mistos e por 8 o de singulares (detendo neste particular ainda hoje, o recorde de títulos conquistados). Como escreveu à época, Lagrifa Neto, “Alto, delgado, até talvez com um ar desajeitados, era assim o rapazito que aos 13 anos, envergando a camisola do Benfica (…) começou em 1935 a jogar ténis de mesa a «sério»”.
Mas regressando à peça que agora temos entre nós devemos referir que se assistiu a um momento alto do desporto nacional naquele dia 3 de maio de 1961, senão vejamos: da Comissão de Honra participaram entre outros, o Brigadeiro António Vitorino França Borges, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o Inspector dos Desportos, doutor José Duarte de Ayla Botto, o engenheiro Augusto Cancela de Abreu, presidente da Comissão Executiva da União Nacional, o engenheiro Maurício Vieira de Brito, presidente do Sport Lisboa e Benfica, Manuel dos Reis Balsinhas, presidente do Conselho Fiscal dos “encarnados”, bem como outras figuras gradas do universo benfiquista, das quais destacamos Joaquim Ferreira Bogalho, antigo presidente e o doutor Manuel Paulino Gomes Júnior, naquele tempo diretor do jornal do Benfica e letrista e compositor do imortalizado hino “Ser Benfiquista” ainda hoje entoado fervorosamente pela família rubra.
Do lado da nossa modalidade associaram-se inúmeras personalidades das quais destacamos: Luís Castelo Branco Chaves, então presidente da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa, Armando de Jesus Gomes, presidente da ATML, João Cândido Furtado d’Antas, antigo presidente da FPTM, e os antigos presidentes das associações de Leiria e Setúbal, respetivamente, doutor Francisco Calheiros Viegas e engenheiro Afonso Gago da Silva, este último assinale-se o primeiro campeão nacional de singulares.
Por seu lado a Comissão de Propaganda integrou um total de 35 jornalistas e radialistas, todos eles já desaparecidos, bem conhecidos à época, dos quais salientamos: Alves dos Santos, Artur Agostinho, Aurélio Márcio, Carlos Pinhão, Couto e Santos, Ernesto Silva, Henrique Mendes, Igrejas Caeiro, José Monteiro Poças, Francisco Mendes Calado, Ricardo Ornelas e Vítor Santos.
Para se ter um retrato aproximado da importância da modalidade e do homenageado, refira-se que o evento contou ainda com o apoio de um naipe importante de empresas, salientando-se: C. Santos, Lda.; Spril Sports; Philips Portuguesa S.A.R.L.; GazCidla; Companhia de Seguros Império; BP; Companhia de Seguros Sagres; F. Ramada Aços e Indústrias, S.A.R.L.; Fiat Portuguesa; Studios Neves e UTIC.
Finalmente não resistimos a partilhar o programa da festa, que certamente não deixará de impressionar os agentes contemporâneos da nossa modalidade:
“I PARTE
- Basquetebol: encontro BENFICA x BARREIRENSE
- Futebol de Salão: SL SAUDADE x VETERANOS INTERNACIONAIS
- Ginástica: apresentação de saltos em mesa alemã pela classe do SL Benfica, dirigida pelo Professor Robalo Gouveia
II PARTE
- Homenagem: Elogio feito pelo engenheiro João Antas e as restantes cerimónias habituais em semelhantes actos
- Ténis de Mesa: Despedida de Oliveira Ramos em jogo-exibição com Alberto Ló, campeão nacional”
Para finalizar uma curiosidade: por publicidade inserta na brochura, ficamos a saber que um automóvel novo da marca FIAT, modelo 500 Jardineira, podia ser adquirido pela quantia de quarenta e dois mil setecentos e vinte escudos, que correspondem hoje a 213,08 €.
O documento em questão foi impresso na Tipografia Moderna e teve uma tiragem de 2000 exemplares.
Posto isto, mais uma vez um enorme obrigado ao Luís Guimarães por esta “pérola” fantástica.





